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HERMAN BROCH – A MORTE DE VIRGÍLIO

ARTS QA LITERATURA CLÁSSICA

POR CARLOS RUSSO

HERMAN BROCH – A MORTE DE VIRGÍLIO

Prezadas quartières,

É com prazer que retorno ao grupo e lhes trago uma indicação de leitura de um autor extraordinário, mas que passou bastante despercebido no Brasil. Trata-se do judeu austríaco Herman Broch.

De família de industriais, cedo abandonou os negócios para se dedicar à literatura, uma literatura comprometida com a paz, com a liberdade e com a vida como a compreensão da morte.

Seu livro mais importante foi “A Morte de Virgílio”, ou como compreender a morte para que esta alumie a própria vida.

Thomas Mann saudou “A morte de Virgílio” como o maior e mais incrível poema em prosa da língua alemã. Escrito inicialmente num presídio da Gestapo nazista (que o autor definiu como “o inferno”) e concluído em 1947, no exílio, antecede a distopia de George Orwel (1984) e interpreta ao nível do inconsciente e do sonho “O admirável Mundo Novo” de Huxley.

Aqueles que, como eu, se aventurarem na leitura deste livro ciclópico, serão transportados para um oceano de beleza e artifícios literários levados a um extremo poucas vezes sentidos literariamente.

O enredo.

O tempo formal do livro é o do nascimento e consolidação do Império Romano e retrata as últimas horas do poeta Públio Virgílio Maro (70 a. C. — 19 a. C.), autor da “Eneida”, o grande poema épico latino, que celebra a fundação de Roma através da saga do herói troiano Eneias. Afinal, todo Império necessita dos louros de um princípio heroico, todo totalitarismo constrói seus mitos para persistir.

O poeta Virgílio, muito enfermo, chega com a escolta imperial ao porto de Brindisi, no sul da Itália. Eles vêm da Grécia, onde Virgílio pretendia concluir a Eneida, na qual trabalhava há dez anos. Foi convencido pelo Imperador Augusto, entretanto, a voltar à Itália para os festejos de seu aniversário. Junto vai o manuscrito inacabado, o qual desempenha um papel central na trama, pois tudo se desenrolará em torno dele e de seu destino, assim como da circunstância que Virgílio pressentia a perda de seu poder sobre o próprio destino, diante da morte que chegava.

(Continua na próxima semana)



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