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HERMAN BROCH – A MORTE DE VIRGÍLIO - Parte 03/04


ARTS QA LITERATURA CLÁSSICA

POR CARLOS RUSSO

HERMAN BROCH – A MORTE DE VIRGÍLIO

(Parte 03/04)


Virgílio não se perdoa por ter se prestado a esse papel e, comprovada a culpabilidade da obra, a pena a ser aplicada é a fogueira! Só o sacrifício poderá conferir alguma grandiosidade real ao poema!

Mas ELE e sua ENEIDA não estão sozinhos: terão que enfrentar forças que estão muito além das suas: a força do Império.

Na verdade, Broch nos diz que não há liberdade do autor sobre a obra, antes mesmo de se tornar pública. No romance, será ela propriedade do Estado, a quem cabe conduzir os anseios e destinos coletivos.


A travessia do Atlântico de Broch em sua fuga do nazismo (e sua morte nos USA, esquecido e na miséria) e a do Adriático de Virgílio, portanto, traçam paralelo inevitável entre autor e obra, já que é conhecido o esforço de Broch para aniquilar seu lado criativo no exílio, já que não valorizava a ação meramente inserida na escrita.

Por outro lado, a agonia do poeta Virgílio, ao transcorrer lentamente suas últimas horas, nos descreve a que lugares se chega à porta da morte e quem ou o que podemos enfrentar ou reencontrar nestes momentos.

(Continua na próxima semana)



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