Lev Tolstói - Guerra e Paz, Bloco 07/08
ARTS QA, POR CARLOS RUSSO
Lev Tolstói – Guerra e Paz
Bloco 07/08
Com relação a Napoleão, Tolstói o descreve como um ator presunçoso e um maníaco de sua própria grandeza; em nenhum momento vê encarnar-se no Imperador da França quaisquer dos predicados e conquistas da Revolução Francesa, muito pelo contrário. Por outro lado, o Czar Alexandre I e sua corte são representações da frieza e falsidade da “alta sociedade”, uma vida sem finalidade que não seja a aparência e o poder, com o carreirismo desmedido dos homens de Estado, os interesses pessoais mesquinhos que provocam o total descolamento da maioria dos chefes militares e da burocracia de Estado do próprio povo russo.
Em Lev Tolstói a vida sempre transborda e o faz sem pedir passagem, até mesmo num campo sangrento de batalha. Se a individualidade de cada batalha é sempre caótica, e se a violência cria e se alimenta do caos, Tolstói busca sempre trazer alguma luz trazida pelo acaso, por uma impossibilidade que se torne real, como um dos fatores maiores na vida dos homens.
Ao considerar Homero e Tolstói como símbolos da escrita épica, Steiner destaca que ambos possuem a suavidade de comunicar o máximo de terror e dor em perfeito equilíbrio de tom. Nos dois autores está a crença centralizada no homem e na permanente beleza do elemento natural. Guerra e mortalidade trazem devastação ao mundo de Homero e ao de Tolstói, mas o fulcro da vida é o mesmo: a afirmação de que a vida é, em si, algo belo, que os trabalhos e os dias dos homens valem à pena de serem registrados e que nenhuma catástrofe- nem mesmo o incêndio de Troia ou de Moscou é definitivo.
(Continua na próxima semana)
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