Lev Tolstói, Guerra e Paz - Bloco 8/8
ARTS QA, POR CARLOS RUSSO
Lev Tolstói – Guerra e Paz
Bloco 8/8
“Mantenha seus olhos firmes para a luz, são assim que as coisas são”. “Olhe, as estrelas cintilam”, responde um personagem enquanto um outro amaldiçoa a natureza.
O Homem, integrado à Natureza, é o pivô e a medida de toda a existência. Importa o reino desse mundo, o aqui e agora! Deus, apesar de sempre ser citado nos diálogos, tal quais os deuses olímpicos na Ilíada, é um personagem ausente e perfeitamente dispensável.
Nos últimos capítulos, o Tolstói historicista esboça ainda uma tentativa de investigar as causas da Revolta Dezembrista, a primeira contra o Nicolau I, barbaramente sufocada. Agora ele trata de uma temática da geração à qual pertence e não mais da distante história. Aqui sua pegada ainda é leve em relação às barbáries dos czares. Ao escrever “Guerra e Paz” o Conde Tolstói é jovem, aristocrático e mundano, pertencente a uma das mais ricas e antigas famílias eslavas. E somente a partir deste romance se tornará um símbolo! Um símbolo para todo o povo russo, até mesmo após a Revolução Soviética no século XX.
Finalmente, se faz sempre presente uma temática à qual ele voltará em Anna Karenina, e que percorrerá toda a sua obra posterior. Trata-se da vida saudável e sadia do campo, em contraponto a das cidades prenhes de vícios, que contribuem na definição moral entre o bem e o mal. De um lado os códigos artificiais e desumanos da civilidade, de outro o bucolismo sincero da vida agropastoril, onde ressoam os “ritmos mais profundos da vida”.
Enquanto Lukacs foi feliz ao assinalar que “a natureza foi para Tolstói a garantia efetiva de que existe, além do mundo das convenções, uma vida real”, Lescow foi o primeiro a definir “Guerra e Paz” “como uma epopeia da grande guerra popular que teve seu historiador, mas jamais um glorificador”.
Fim.
댓글