Marie Dechamps de Delacroix, a “Estátua da Liberdade” de Flaubert. Bloco 03/03
ARTS QA - LITERATURA
POR CARLOS RUSSO
Marie Dechamps de Delacroix, a “Estátua da Liberdade” de Flaubert.
Bloco 03/03
No mesmo ano de 1848, Flaubert, em sua “Educação Sentimental”, retorna à cena magnífica e compara a imagem da Liberdade àquela das “mulheres livres e comuns” que percorriam as Tulherias, saqueadas na nova revolta. Por isso ele denomina Marie Dechamps de “A Estátua da Liberdade”.
Desde esse momento, nem mesmo Napolão III, que em 1851, com um golpe de Estado estabeleceu seu Império, terá a coragem de recolher o símbolo da luta contra a opressão e, em 1874, “A Liberdade guiando o Povo” entra definitivamente para a coleção do Museu do Louvre.
No dizer de Hobesbawm, a novidade histórica da “ Liberdade guiando o Povo” reside na identificação da figura feminina com uma mulher do povo real, de carne e osso, que desempenha a liderança no movimento dos homens. “A alegoria de Delacroix exclui o papel costumeiro das mulheres nas alegorias, embora ela mantenha o nu, que é enfatizado. Ela não inspira ou representa, Ela AGE”.
A mulher, cujos seios apontam para o futuro, simboliza a força concentrada do povo, um conjunto de classes sociais e profissões diferentes. Representa um ponto de ruptura em que sua imagem é aceita pelos homens como a de líder.
Esse tema reafirma sua popularidade quando, em 1848, Millet torna a retratar a Liberdade, toda nua, apenas com o barrete frígio da Primeira República.
Mas esta já é uma outra história.
(Final)
Comments