Yayoi Kusama em 20 atos
ARTS QA – PELA CURADORA ADRIANA REDE
SÉRIE O ARTISTA EM ATOS: YAYOI KUSAMA
YAYOI KUSAMA EM 20 ATOS
(1ª. Semana)
Como Yayoi Kusama cativou o mundo, invadindo museus e o mercado de arte?
1 - Yayoi Kusama, hoje com 91 anos, nasceu em Matsumoto, província rural do Japão, no berço de uma família conservadora que não aceitava a sua vocação para o mundo das artes.
2 - Segundo a artista conta, sua mãe, bastante repressora, chegava a destruir seus desenhos, porém reconhece que foram eles que a salvaram do suicídio. A artista sofre de transtorno obsessivo compulsivo e alucinações desde a infância, os transtornos mentais da menina se traduziram em arte e na criação de uma identidade visual bem particular.
Desde menina, Kusama sabia que queria seguir a carreira artística. Quando tinha 10 anos começou a pintar as suas características bolinhas infinitas (os famosos polka dots), a princípio em aquarelas, pastéis e óleos.
3 - No fim dos anos de 1950, ela começa a trabalhar em uma de suas mais celebradas séries, “Infinity Obsession” (Obsessão Infinita). Conta a artista: “Vivendo em um país em estado de guerra, passei a minha juventude na escuridão de um Japão militar. Sentindo-me limitada, fui a busca de um lugar mais amplo, um mundo em que pudesse me expressar, me sentir liberta. Então, fui para os Estados Unidos.”
4 - A artista chegou em Nova York no ano de 1957. Lá conheceu e conviveu com artistas como Donald Judd, Joseph Cornell e Andy Warhol. Começou realizando algumas performances, utilizando pessoas nuas cobertas com suas indefectíveis bolinhas. A ideia era de liberdade e de celebrar o amor livre
5 - Kusama viveu nos EUA de 1957 a 1973, período em que produziu o trabalho pelo qual hoje é mais conhecida. Suas criações trabalham com influências do minimalismo, da pop art, do surrealismo e do expressionismo abstrato.
Mais sobre a excêntrica e genial artista na próxima semana!
(2ª. Semana)
6 - A artista japonesa autodeclarada “artista obsessiva”, conhecida por seu uso extensivo de bolinhas e por suas instalações infinitas, no período estadunidense, enquanto jovem, carregava em seu trabalho vários valores feministas, questionava a liberdade do corpo, a expressão sexual e se rebelava contra o patriarcado.
7 - Foi fotografada nua várias vezes ao redor do seu trabalho, experimentando o corpo nu como meio de performance.
8 - Pintou corpos nus de outras pessoas em diversas locações, transformando esses corpos em criaturas vivas, como nos happenings "Love In" e "Anti guerra do Vietnã" no Central Parque de NY, em 1968.
E na performance "Grand Orgy to Awaken the Dead" no MOMA, NY. Oito homens e mulheres posavam nus ao lado de esculturas do museu, fazendo a mesma pose das obras e então ela cobria os corpos com os pontinhos.
9 - Dizia Yayoi Kusama: “Um polka-dot tem a forma do sol que é um símbolo da energia, do mundo inteiro e da nossa vida. E também da forma da lua, que é calma, redonda, suave, colorida sem sentido e sem saber. Polka-dots se tornam movimento… Polka-dots são um caminho para o infinito”.
10 - Sua preocupação com o infinito já aparece nas pinturas Infinity Net no final dos anos 1950, em que as pinceladas são como treliças.
Mais desta artista intrigante e polímata na próxima semana!
(3ª. Semana)
11 - Yayoi Kusama ganha popularidade pelo seu trabalho de vanguarda e provocativo e por ser uma artista polímata (fato não tão comum para a época): desenha, pinta, esculpe, performa, instala, escreve, faz moda. Trata de identidade e cria um estereótipo, uma persona.
12 - Yayoi celebra as abóboras desde a infância, que, segundo ela, "trazem um conforto e uma alegria de viver". Na instalação "All the Eternal Love I Have for the Pumpkins” vemos abóboras amarelas e pretas refletidas infinitamente na sala espelhada
13 - Durante a Bienal de Veneza de 1966, extra oficialmente, pois não era artista convidada, posicionou 1500 bolas prateadas, espelhadas, no jardim de um dos pavilhões, e começou a vendê-las por 2 dólares cada. Chamou a instalação de "Narcisus Garden”. Questionava se comprar arte é uma forma de narcisismo. Foi removida pela polícia.
14 - Em Inhotim há uma reprodução da obra “Narcisus Garden”, com 750 esferas de aço inoxidável, instalada em 2009. A obra, que se refere ao mito de Narciso, que se encanta pela própria imagem refletida na água, se encontra sobre um espelho d’água. Nas palavras da artista, a obra se comporta como “um tapete cinético”, dada a ação do vento, que cria diferentes agrupamentos das esferas em meio à vegetação aquática.
15 - Em 1993 na Bienal de Veneza, quase 30 anos depois, mas desta vez convidada, Kusama transformou o Pavilhão japonês em um ambiente infinito.
Saiba como Yayoi trabalha o conceito de obliteração na próxima semana!
Imagens: Pumpikins, Narcisus Garden (Bienal de Veneza, 1966) e Narcisus Garden (Inhotim, 2009)
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